27.3.04
Civilizar, perdão, desenvolver.
Um aluna minha acabou longo trabalho de campo em Timor Leste. Conseguiu trabalhar junto das organizações da ONU no território e junto do próprio Estado. Confirmou uma das suspeitas mais correntes nos últimos tempos: que os modelos de ajuda ao desenvolvimento continuam a lógica colonial. Aparentemente, os portugueses (mas o mesmo se poderia dizer de australianos e outros) que lá estão ganham cinco vezes mais do que em Portugal; muitos assumem que estão "a fazer dinheiro para comprar uma casa" (em Lisboa, claro). Os seus salários são pagos pela administração em Timor, com o dinheiro que lhe é dado pela "ajuda" portuguesa. Muito provavelmente esses "ajudantes" acham, com sinceridade, que o dinheiro compensa as dificuldades de viver longe, no terceiro mundo e que, de qualquer modo, o seu trabalho ajuda ao "desenvolvimento". Noutros tempos, muitos funcionários coloniais achavam sinceramente que estavam a contribuir para a "civilização".
mva |
12:47|
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