OS TEMPOS QUE CORREM. Miguel Vale de Almeida


11.3.04  

11 de Março.



Cheguei a casa depois de uma aula sobre questões de racismo, nacionalismo, etc., dada com a calma modorrenta com que estas coisas são vividas entre nós. Fiquei chocado com as imagens de Madrid. É claro que pensei em como o señorito Aznar pensa já na vitória eleitoral e em como foi ele a convocar as manifestações de amanhã. É claro que pensei em como Barroso convoca o minuto de silêncio de amanhã pensando na capitalização da simpatia. Mas, em última instância, isso pouco importa. Fossem eles governantes socialistas e a sua obrigação seria fazerem exactamente a mesma coisa. Obrigação. Porque o terrorismo nacionalista da ETA - ou o terrorismo fundamentalista da Al-Qaeda, que parece ter sido a responsável - são um dos fascismos de hoje, a par com os neo-fascismos, no sentido estrito, de LePen e quejandos. Os Espanhóis conhecem bem as duas realidades: conhecem o terror fascista da guerra civil, conhecem o terror nacionalista da ETA. A tragédia histórica fá-los agora, talvez, conhecer o terror fundamentalista. A uns dias de eleições legislativas, e com um primeiro-ministro que apoiou totalmente a estratégia de espiral de violência da Bush na sequência do 11 de Setembro.

PS: Para as pessoas da minha idade, 11 de Março queria dizer outra coisa. Agora já não.
PPS: Para quem não saiba, o urso é o símbolo de Madrid.

mva | 21:37|