20.2.04
O silêncio da rede fala alto.
É bom ver que estamos vivos e vivas. Na sequência do escândalo Villas-Boas, a reacção demonstrou-o. As associações lgbt emitiram comunicados, viram-nos publicados, deslocaram-se às TVs; os jornais referiram o assunto e hoje mesmo o Público deu espaço a várias cartas; o Fórum TSF-Mulher de anteontem foi ocupado pelo tema e os telefonemas de activistas foram muitos e muito bons; a RTP quer que este assunto tenha relevo no próximo "Prós e Contras" (curiosamente sobre o tema genérico da "Educação"...); psicólogos mobilizaram-se contra as opiniões do colega; comunicados, recortes de artigos, textos de apoio circularam rapidamente via mail para ajudarem a criar argumentos. E no mundo dos blogs (que já estabeleceu um género próprio, em que a subjectividade e o humor cáustico têm um lugar ao lado da formação/informação) expressou-se a revolta cívica e deu-se a contaminação de informação. Os media tradicionais já se aperceberam disto; e nós, bloguistas, começamos a interiorizar a responsabilidade de escrever na rede. These are interesting times, indeed.
Figuras sociais como LVB (note-se, não estou a falar da pessoa em si, que não conheço) vivem ainda num universo de referências em que pensam poder dizer de tudo a partir de um lugar de "autoridade" (científica, política, etc) que, na realidade, é apenas um lugar de "autoritarismo" pré-moderno ("o sr. dr. fala muito bem"; "ele lá sabe o que diz, tem estudos"). Eu suspeito que ele nem suspeitou (!) que centenas de pessoas comunicam e lêem-se num lugar silencioso chamado rede. Quando confrontadas com o contra-ataque, figuras sociais como LVB ficam com uma expressão genuinamente espantada: não só porque não esperavam a reacção, mas porque no seu isolamento autocrático acham que as suas ideias são de facto as ideias do senso comum. Pois bem: já não são.
mva |
11:37|
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