13.1.04
VISTO.
Duas representações da América no cinema. Ambas amigas do "realismo". A primeira procura ora elogiar o sistema ora denunciá-lo. Em ambos os casos, é reforçada a imagética da Americana. Dos velhinhos westerns até ao Mystic River, por muito que este julgue situar-se nos antípodas. A América surge quase sempre como um local fascinante: ou muito alegre e speedado, ou muito violento e criminoso - mas sempre marcado pela ideia de energia.
A segunda procura desconstruir essa imagética. É mais comum no cinema independente (ou no que dele se reclama). Caracteriza-se por mostrar uma América não enérgica: pouca ou nenhuma música (e se alguma, suave), imagens lentas à europeia, contemplação. Mas sobretudo o passar da sensação de se estar num país de zombies, ou numa enorme pizza fria na manhã seguinte à festa. Subúrbios repetitivos e pequeno-burgueses. Centros comerciais com música de anestesia. Escolas secundárias concentracionárias e lavadas com lixívia. Barrigas que crescem ao ritmo da televisão.
Elephant cabe nesta segunda categoria. Inteligente, subtil, amoral: fez-me lembrar os (frequentes) dias de depressão quando vivi na América como adolescente (mas também mais tarde) e, confesso, algumas das fantasias negativas que acarinhei...
mva |
19:25|
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