OS TEMPOS QUE CORREM. Miguel Vale de Almeida


29.1.04  

"Caso Liliana" 1.

Esta é uma parte (por mim editada) da carta da rede ex aequo à CML a propósito do Caso Liliana:

«Gostaríamos de sensibilizá-lo para o facto de estudos feitos em vários países do mundo mostrarem que jovens lésbicas, gays ou bissexuais têm uma taxa pelo menos 3 vezes superior de ideação e tentativa de suicídio em relação aos seus parceiros heterossexuais devido ao preconceito e à discriminação sofrida devido à sua orientação sexual. Desta taxa perfazem até 40% tentativas de suicídio no caso de consequentes reacções negativas e/ou violentas por parte da família, após conhecimento da orientação sexual do jovem, enquanto os valores tornam-se ainda mais dramáticos no caso de jovens lésbicas, gays e bissexuais sem-abrigo cuja taxa de tentativa de suicídio pode chegar aos 50% de concretização neste grupo específico. (...) Perante o comportamento violento da família da Liliana e da sua companheira o regresso a casa dos respectivos pais não pode ser alguma vez uma opção viável nem sensata. (...) Temos também conhecimento que a Liliana e a sua companheira vivem em união de facto há um ano e meio. Faltando 6 meses para o requisito legal de registo de união de facto apelamos também à compreensão e boa vontade da Câmara Municipal para que reconheça este agregado familiar, tal como ele já é em termos práticos e simbólicos para o casal, visto que as pessoas homossexuais vivem ainda em Portugal (ao contrário de países europeus como a Bélgica e os Países Baixos) a situação discriminatória de não poderem casar-se, tal como qualquer outro cidadão que decida viver em conjunto e constituir-se como uma unidade familiar através desse meio. Não acreditamos ser justo que não podendo ainda a Liliana e a sua companheira casar-se, como poderia qualquer outro casal heterossexual em união de facto, que sejam privadas de um tecto com base no não reconhecimento da sua união como uma unidade familiar (...).»

mva | 22:21|