OS TEMPOS QUE CORREM. Miguel Vale de Almeida


31.12.03  

Tomar balanço.

Em vez de fazer um balanço, vamos tomar balanço. Para 2004, é preciso: que Durão Barroso seja desmascarado na sua dependência da extrema-direita de Paulo Portas/Opus Dei/Bancos da Opus Dei/Igreja Católica; que se demonstre que o PP é mesmo a extrema-direita, disfarçada com as falas mansas portuguesas; que toda a gente perceba que o perigo populista espreita no estilo de Santana Lopes; que se prove que o caso Casa Pia é um monstro de iniquidades, do abuso sexual que não fica impedido, à manipulação política do caso, passando pelo perigo tabloidista das TVs que temos; que o PS se refunde como partido defensor do Estado Social, deixando de ser a versão light do neo-liberalismo; que o PC se refunde democraticamente; que o Bloco não faça asneiras; que o Iraque se torne numa democracia apesar da presença americana; que o Bush seja impiedosamente desmascarado como aliado das ditaduras do médio oriente, incluindo o regime deposto de Saddam Hussein; que o plano de Genebra para Israel/Palestina ganhe adeptos e mais adeptos; que os europeus percebam que é preciso uma constituição, mas que ela deve ser feita democraticamente; que o movimento pela alterglobalização comece a fazer programa e não se deixe seduzir pelo folclore; que a ONU comece a reconstruir-se, contra a hegemonia americana e desautorizando as ditaduras que abundam, da China a Cuba, passando por Angola e a Arábia Saudita; que o movimento pelo referendo do aborto recolha as 75 mil assinaturas; que haja um referendo ou uma alteração positiva da lei pelo Parlamento; que os imigrantes se mexam, exigindo cidadania plena (saúde, educação, voto, pelo menos); que o movimento lgbt cresça, diversifique e saiba criar plataformas para o que interessa; e que as pessoas se fartem depressa de ver o Euro 2004 e os fogos florestais e viagem muito para Espanha.

mva | 15:38|