OS TEMPOS QUE CORREM. Miguel Vale de Almeida


6.8.03  

Explicação
Uma visita a este blog - Ana Garcia - faz um comentário que, lido à superfície, é perfeitamente justo. A sua crítica centra-se na figura da generalização, um típico pecado do pensamento e da intervenção. Acontece que a escrita de opinião tem fraquezas e características que dão azo a estas (justas) interpretações. É que falta sempre a "música", isto é, os mecanismos da fala que indicam qual o "tom" e o registo em que se está a "falar" (escrever). No meu caso, isto tem a ver com o facto de ter várias vidas: num blog nem sempre escrevo como antropólogo e muito menos como pessoa justa que tenta ver os vários lados de um assunto. Escrevo como criatura e deixo passar espontaneamente preconceitos, generalizações, identificações e desidentificações. É essa uma das estratégias do terrorismo cultural. Com uma nuance que faz toda a diferença: normalmente dirijo os maus-fígados para situações, acções e identidades que raramente são criticadas, que se encontram no topo da hierarquia social, no centro da moda ou do senso comum ou que, simplesmente, não são vistas e faladas pela maioria das pessoas. O jogo é arriscado e não posso dizer que Ana Garcia tenha feito um erro de interpretação - e muito menos que tenha obrigação de perceber as "regras" do meu jogo. Mas fica a explicação (com a nota de que conheço muita gente da área financeira inteligente e sensível, assim como a muitos antropólogos são - como diriam os meus informantes brasileiros - "ruins memo").

mva | 19:07|