26.6.03
S.C.U.M.
Trinta e tal anos depois, ainda vale a pena ler o "Manifesto SCUM" (Society for Cutting Up Men) da Valerie Solanas, a mulher que disparou contra Andy Warhol. Tal como o manifesto do Unabomber ou algumas coisas do Sade ou dos Situacionistas, o texto é feito de uma potente mistura de racionalidade e radicalismo, o que, como sempre, redunda em pura e simples loucura. Mas esta loucura extrema é o que ajuda a perceber quão acertados e certeiros são os pontos que se quer transmitir. É um pouco como nas negociações, em que primeiro se pede uma quantia absurda, até se chegar a uma quantia razoável... (não é bem isto que quero dizer, mas estou um bocado off hoje...). Uma breve passagem:
A SCUM liquidará todos os homens que não façam parte do Auxiliar Masculino da SCUM (...) Exemplos de homens do Auxiliar Masculino: homens que matam homens; biólogos que trabalham em programas construtivos e não em prol da guerra biológica; jornalistas, escritores, editores e produtores que disseminam e promovem ideias conduzindo à realização dos objectivos da SCUM; bichas que, com o seu brilho flamejante, encorajam outros homens a desmasculinizarem-se e a tornarem-se assim relativamente inofensivos; homens que dão coisas: dinheiro, serviços; homens que contam as coisas como elas são (até agora nunca nenhum o fez), que se mostram correctos com as mulheres, que revelam a verdade acerca de si próprios, que dão às desmioladas mulheres-homem frases correctas para elas papaguearem, que lhes dizem que o objectivo principal na vida duma mulher devia ser esborrachar o sexo masculino (para ajudar os homens nesta diligência, a SCUM organizará Sessões do Cagalhão, nas quais todos os homens presentes farão um discurso que começa assim: «Eu sou um cagalhão, um vil e abjecto cagalhão» (...) A recompensa por essa atitude será a oportunidade de confraternizarem depois da sessão e durante uma hora inteira com os membros da SCUM presentes.
And so on... Divertido e violento: terrorismo cultural.
mva |
16:40|
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